sexta-feira, abril 07, 2006


Não costumo ler biografias. Ou melhor, não costumava. Depois da de Nelson Rodrigues, da qual falo em algum post abaixo, caiu nas minhas mãos (empurrada pela minha irmã, fã convicta) a biografia do Anthony Kieds, vocalista dos Red Hot Chilli Peppers.

Comecei a leitura pela indicação da minha irmã, pela promessa dela de que a leitura seria rápida (ou seja, se o livro fosse ruim, não demoraria muito a acabar) e pelo fato de eu estar de férias e com vontade de me entregar a uma leitura longe do mundo acadêmico / literário.

O começo do livro provou o que eu já esperava: uma série de informações pessoais que não acrescentam muito e das quais, com certeza, me esqueceria 5 minutos depois de conhecê-las. Mas prossegui na leitura porque, afinal de contas, eu sou do tipo otário que nunca sai do cinema depois que o filme começa e nunca pára de ler um livro depois de ter passado da primeira página, por piores que sejam. Felizmente, tive uma grata surpresa. Não uma surpresa estética ou literária, claro, o livro nem é para isso, mas uma surpresa com o Anthony Kieds. Conforme ele e os Red Hot começam a atingir o sucesso, ele se mostra cada vez mais humano e mais doce. Vamos juntos com sua história, sentimos suas dores, seus amores, entendemos sua sensibilidade. As letras das músicas começam a fazer sentido e ele se revela um poeta contemporâneo dos melhores. Californication vira uma obra de arte. É possível começar a sentir a dor e a esperança expressas em suas músicas como se estivessem acontecendo conosco e naquele momento.

Já passei por uma experiência parecida com essa, de descobrir uma banda que já havia descoberto antes: a sensação de redescobrimento é sempre renovadora. Foi quando vi o filme “24 Hour Party People” e descobri um Joy Division que ainda não conhecia. Depois do filme, as letras do vocalista Ian Curtis deixaram de ser secas e duras aos meus ouvidos e passaram a melódicas como em um passe de mágica. Desde então nunca mais parei de ouvir Joy Division. Então, talvez eu não deixe mais de ouvir Red Hot.

Não contarei aqui mais detalhes do livro, o que eu disse até aqui já deve bastar.

Fechei o livro apaixonada por Anthony. Baixei alguns clips, decorei “Otherside” e abri um espaço para uma banda nova.

Sim, valeu a pena.

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